O trabalho realizado pela diretoria da Apug-Ssind foi apresentado na tarde do último sábado (12/12), no 1º Seminário de Comunicação Sindical, que aconteceu em São Paulo, com organização da CSP-Conlutas, central sindical da qual a Apug, via ANDES – Sindicato Nacional é filiada. O presidente da Apug-Ssind, Gilberto Correia da Silva, mostrou as diferentes formas de comunicação que estão sendo utilizadas pela seção sindical para levar a informação aos sindicalizados e ao mesmo tempo, a todos os setores envolvidos com a área de atuação da Apug, voltada quase que exclusivamente para o Centro Universitário Unirg.

O encontro, que começou na sexta-feira, terminou no domingo, com a presença de 87 inscritos, com 81 credenciados, 47 sindicalistas, 34 profissionais ligados à imprensa sindical, 49 entidades e/ou movimentos sindicais e 1 representante da imprensa alternativa. Com o tema “Os desafios da Comunicação dos Trabalhadores hoje”, o seminário debateu o dinamismo na comunicação em tempos de novas tecnologias, que exige mais atenção e engajamento dos militantes e dirigentes sindicais que se preocupam com a interação das pessoas, notadamente dos profissionais e ativistas voltados para a difusão da informação no meio sindical, entre os trabalhadores de todas as classes.

Para a Central Sindical e Popular – Conlutas, organizadora do evento, em seu manifesto de abertura e de recepção aos presentes no seminário, “o momento é de trocas, de intercâmbio de experiências, mas também de aprendizado e elaboração, fortalecendo a relação sindical das entidades e movimentos filiados, na construção de uma ponte ainda mais forte para chegar à consciência dos trabalhadores para organizá-los à luta”, reforça o documento.

Para Claudia Santiago, do Núcleo Piratininga de Comunicação, é preciso entender que existe do outro lado uma comunicação dos patrões que não está a serviço dos trabalhadores, está a serviço do capital. E destacou três principais desafios para disputarmos espaço. “O primeiro desafio é que essa comunicação, voltada para os trabalhadores, exista. O segundo é que seja bem feita. O terceiro desafio é que a comunicação deve ser desejada. Nossa comunicação não é vendida, diferentes dos grandes jornais, nossa comunicação é ofertada aos trabalhadores”, elencou.

Já o jornalista e professor José Arbex, entre algumas intervenções, pontuou que a mídia burguesa usa o discurso chamado por ele de “dano colateral”, que se justifica, por exemplo, quando a polícia mata indiscriminadamente o povo pobre e negro na periferia, pois está ali para “proteger a sociedade”. Para combater esse discurso, segundo Arbex, é preciso que a esquerda discuta, reflita e busque unidade, trabalho em rede e combata a fragmentação. “A capacidade de interlocução com o que é diferente de nós não é o nosso forte. Nós achamos que sabemos o caminho para revolução e quem não pensa como nós tem que queimar nas chamas do inferno. Nós somos machistas, sectários achamos que só nós temos a verdade”, avaliou, fazendo uma autocrítica. Outra preocupação do jornalista é de que a esquerda tenha cuidado para não reproduzir a comunicação dos patrões.

Sobre a tecnologia, Arbex também fez uma ressalva: “não vamos nos enganar. Quem produziu a primavera árabe foi a miséria, não foi o facebook. Não nego o uso da tecnologia, mas não podemos transformar isso num fetiche”, ressaltou. “Se queremos ter uma comunicação que rompa com individualismo, o trabalho tem que ser coletivo, presencial, olho no olho, e temos que ter muita paciência. É um processo longo, com muita interlocução. O que nos dá força é que em maio de 2013 ninguém diria que um mês depois, teriam dois milhões de pessoas nas ruas. Ninguém consegue domesticar as lutas de classe”, disse. De acordo com Arbex, o caminho para escapar das armadilhas da sedução da mídia dos patrões é “discutir os valores que vamos reproduzir”. Além isso, acredita ser preciso “combater o sectarismo, o machismo, a fragmentação, a vida isolada para uma abertura ao outro”, destacou. Disse ainda que a comunicação é só parte desse trabalho. “Não é a comunicação que cria consciência é um movimento”.

O dirigente da CSP-Conlutas, Mauro Puerro, trabalhou na sua fala o poema “tecendo a manhã” de João Cabral de Melo Neto que trata da identidade coletiva através de uma realização. Fazendo comparações entre o poema e os desafios de comunicar para os trabalhadores. Para Mauro, a comunicação é fundamental para a construção de um futuro e, para que isso seja alcançado, é preciso “lutar contra os nossos defeitos e contra a classe dominante que constrói ideologias”, enfatizou.

A programação contou ainda com uma vasta discussão sobre os desafios da linguagem, com o professor Vito Giannotti, Papel das novas tecnologias a favor da classe trabalhadora, o audiovisual como linguagem, além de palestra sobre jornalismo de dados e o acesso a informações, debate sobre a assessoria de imprensa a serviço dos trabalhadores e troca de experiências das entidades sindicais presentes.

A 1ª vice-presidente do ANDES-SN, Marinalva Oliveira, encarregada de imprensa do ANDES-SN, apontou encaminhamentos a serem debatidos nas instâncias da central. Debateu-se o caráter estratégico da comunicação para o movimento sindical e popular, e a necessidade de conscientizar direções sindicais de que é importante fazer um investimento real na comunicação, garantindo também os direitos trabalhistas dos trabalhadores da área.

Para Marinalva, o seminário foi positivo, e dele devem sair melhoras na comunicação da CSP-Conlutas e entidades filiadas. “O seminário foi importante pela troca de experiências entre os dirigentes e profissionais da comunicação das entidades da base da CSP-Conlutas, e reafirmou a necessidade de colocarmos a comunicação como estratégica para divulgar junto aos trabalhadores e a sociedade a nossa pauta politica. Além do mais, o seminário indicou que a CSP-Conlutas discuta a criação de um espaço politico com participação dos dirigentes e profissionais das entidades ligados à comunicação. Este espaço proporcionará a discussão de um Plano de Comunicação para a Central”, disse a docente.

Ascom-Apug-Ssind, com informações da CSP-Conlutas Nacional, ANDES-SN e ANota

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