A CSP-Conlutas realizou em São Paulo o seu 1º Seminário de Comunicação durante o último final de semana (12, 13 e 14). Mais de 80 pessoas, representando cerca de 40 entidades, estiveram presentes no evento, que uniu dirigentes sindicais e trabalhadores da comunicação para debater o papel da comunicação nos movimentos sindicais, populares e sociais. O seminário debateu ainda propostas para avançar a comunicação da central e das entidades, em especial a criação de um espaço dentro da estrutura da CSP-Conlutas que agregue dirigentes sindicais e trabalhadores da comunicação.

A primeira mesa, realizada na manhã de sexta-feira, teve como tema “Desafios da comunicação dos trabalhadores hoje”, e contou com a presença de Cláudia Santiago, do Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC), de José Arbex Júnior, professor de jornalismo da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e de Mauro Puerro, da CSP-Conlutas.

O foco do debate entre os palestrantes foi a diferença entre a comunicação hegemônica e a dos trabalhadores, a partir da discussão da necessidade da apresentação das pautas históricas dos trabalhadores no cotidiano do jornalismo sindical e popular. Também foram debatidas as novas tecnológicas, sempre referenciadas como um potente instrumento, mas que não pode ser confundido com o real trabalho de base das entidades.

A segunda mesa, composta por Vito Giannoti do NPC, tratou da linguagem do jornalismo sindical e popular. Giannoti apresentou sua teoria de que a linguagem intelectualizada acaba por afastar o jornalismo sindical da base, que acaba por não entender o que se diz nos materiais. “As palavras são uma porta para a linguagem, se isso não é efetivo torna-se uma muralha. Temos que traduzir o que queremos dizer, simplificar”, explicou.

Ainda na sexta-feira, o último debate teve como tema “O mundo digital e as lutas”. Compuseram a mesa Camila Lisboa, do Sindicato dos Metroviários de São Paulo, Herbert Claros, do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos (SindMetal) e Danilo César, do Movimento Mães de Maio. As novas tecnologias e as redes sociais foram ressaltadas como um avanço na mobilização dos trabalhadores, por conta de sua rapidez e alcance.

O intenso dia de debates terminou com a exibição do filme “20 Centavos”, sobre as manifestações de junho de 2013, e com uma roda de conversa com Tiago Tambelli, diretor do longa-metragem.

Os debates seguiram no sábado
O seminário foi retomado no sábado com a mesa “Lei de acesso à informação e cruzamento de dados a serviço dos trabalhadores”, comandada pelo especialista em novas mídias André Rosa de Oliveira. Oliveira ressaltou as possibilidades que os infinitos dados armazenados na internet nos proporcionam, sobretudo para criar sistemas próprios de pesquisas e construir pautas diferenciadas que atendam às questões da classe trabalhadora.

A seguir, iniciou-se o debate sobre assessoria de imprensa, que teve como palestrantes Bruna Barlach, da revista Vírus Planetário, Simone Freire, do Brasil de Fato, e Vinícius Caetano, do Uol. O centro da discussão girou em torno de como aproveitar as brechas possibilitadas pela imprensa hegemônica e, ao mesmo tempo, construir meios de comunicação alternativos, que possibilitem que a luta pela democratização da comunicação avance.

Na parte da tarde foi realizada a mesa de troca de experiências das entidades presentes. O ANDES-SN compôs a mesa e expôs o trabalho de sua equipe de comunicação. Entre as várias entidades que se manifestaram, também falaram as seções sindicais do ANDES-SN presentes: Associação dos Docentes da Universidade Federal de Pelotas (Adufpel), Associação dos Docentes da Universidade Federal Fluminense (Aduff), Associação dos Docentes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Adufrj), Associação dos Professores da Universidade de Gurupi (Apug), Associação dos Docentes da Universidade Estadual da Bahia (Aduneb), Associação dos Docentes da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Adusb), Associação dos Docentes da Universidade de Santa Cruz (Adusc) e Seção Sindical dos Docentes Da Universidade Federal Rural de Pernambuco (Aduferpe).

Domingo foi o dia de debater estratégia

A última mesa do seminário, composta por Marinalva Oliveira, 1ª vice-presidente e encarregada de imprensa do ANDES-SN, e Joaninha Oliveira, da CSP-Conlutas, fez uma síntese da discussão e apontou encaminhamentos a serem debatidos nas instâncias da central. Debateu-se o caráter estratégico da comunicação para o movimento sindical e popular, e a necessidade de conscientizar direções sindicais de que é importante fazer um investimento real na comunicação, garantindo também os direitos trabalhistas dos trabalhadores da área.

Para Marinalva, o seminário foi positivo, e dele devem sair melhoras na comunicação da CSP-Conlutas e entidades filiadas. “O seminário foi importante pela troca de experiências entre os dirigentes e profissionais da comunicação das entidades da base da CSP-Conlutas, e reafirmou a necessidade de colocarmos a comunicação como estratégica para divulgar junto aos trabalhadores e a sociedade a nossa pauta politica. Além do mais, o seminário indicou que a CSP-Conlutas discuta a criação de um espaço politico com participação dos dirigentes e profissionais das entidades ligados à comunicação. Este espaço proporcionará a discussão de um Plano de Comunicação para a Central”, disse a docente.

*Com informações de CSP-Conlutas

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