O ex-presidente da APUG-SSind e professor do Centro Universitário UnirG, PAULO HENRIQUE COSTA MATTOS, acaba de lançar livro sobre a dramática existência atual do TRABALHO ESCRAVO no Brasil e Tocantins. Trata-se da publicação de sua dissertação de Mestrado em História, realizado entre 2010 e 2012 na Pontifícia Universidade Católica de Goiás. O livro traz o título AGROESCRAVIDÃO: A DEGRADAÇÃO DO HUMANO E O AVANÇO DO AGRONEGÓCIO NO BRASIL CONTEMPORÂNEO.

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O livro se divide em quatro capítulos. No primeiro, aborda historicamente o desenvolvimento do Agronegócio em sua coexistência causal com a prática da escravidão no Brasil contemporâneo. No segundo, discute os dramas das novas fronteiras agrícolas brasileiras com  o avanço também do Agronegócio. Vale a pena conferir o apoio buscado junto à Comissão Pastoral da Terra – CPT, entidade ligada à CNBB da Igreja Católica, cuja atuação se notabilizou pela denúncia, registro e resgate de trabalhadores escravos nos Estados Brasileiros, incluindo-se aí o Tocantins. Junto com as autoridades militantes do CPT, o depoimento do companheiro Prof. Adilar Daltoé. No terceiro capítulo, Paulo focaliza a atuação das grandes empresas agrícolas e sua colaboração na permanência do trabalho escravo. E, finalmente, no quarto capítulo, apresenta estudo sobre as ações governamentais do Estado Brasileiro no sentido de combater o trabalho escravo.

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O livro é prefaciado pelo Prof. Eduardo Sugizaki, do Programa de Pós-Graduação em História da PUC/GO. Neste prefácio, Sugizaki tributa as seguintes linhas:

A propósito desta nova fase dos estudos sobre a escravidão rural brasileira, aberta a partir da criação do Grupo Móvel, em 1995, pelo menos dois importantes trabalhos devem ser destacados. Primeiramente, Flávia de Almeida Moura publicou Escravos de precisão: economia familiar e estratégias de sobrevivência de trabalhadores em Codó-MA (Sao Luiz: EDUFMA, 2009). Depois, a Organização Internacional do Trabalho solicitou uma pesquisa de alcance nacional, que publicada sob o título Perfil dos principais atores envolvidos no trabalho escravo rural no Brasil (Brasília: OIT, 2011).

O presente livro de Paulo Mattos, deve ser colocado ao lado destas duas contribuições, em nível nacional. Os três trabalhos são fundamentados em entrevistas com trabalhadores resgatados pelo Grupo Móvel. Dos três, o livro que temos em mãos complementa os demais pelo aprofundamento da reflexão de caráter histórico e sociológico sobre os mecanismo estruturais que permitem as novas modalidades da escravidão.

A APUG-SSind parabeniza o companheiro Paulo por este feito que confere notabilidade não só a ele como autor, mas à Unirg e ao Sindicato. Pensar sobre as condições de trabalho e querer que elas se ostentem dignas em relação ao ser humano é o dever de todo intelectual. Ainda mais daqueles que militam sob a bandeira dos Direitos Humanos e da Sindicância. Não faltam, no jogo de interesses de uma sociedade formalizada em democracias, aqueles que postulam administrações da coisa privada e pública sem a devida sensibilidade para com vida de quem trabalha. O livro do companheiro Paulo mostra, indignado, as realizações do capitalismo no campo.

A APUG-SSind planeja abrigar o lançamento de seu livro em data propícia, de modo a poder contarcom a presença das autoridades da CPT mencionadas para uma mesa redonda. O pedido foi feito pelo professor. Assim que a data for definida, divulgaremos. Por enquanto, o livro pode ser adquirido com o próprio autor. O livro contém 502 páginas e foi custeado pelo próprio autor.

 

José Carlos de Freitas

Presidente da APUG-SSind