Os participantes do 59º Conad debateram, no fim da tarde de quinta (21), a conjuntura política atual e os desafios. Durante as intervenções, ficou evidente a preocupação com a defesa da Educação Pública, reforçando e ampliando para outros setores a unidade nessa luta. O Encontro Nacional de Educação (ENE), que aconteceu no Rio de Janeiro no início de agosto, foi destacado em várias falas. Muitos consideraram uma vitória a realização, após mais de uma década, de um encontro que reuni setores representativos da classe trabalhadora e da juventude para projetar lutas.

O acirramento da crise econômica, que tem efeito direto na retirada de direitos da classe trabalhadora, e os conflitos internacionais, com destaque para o genocídio do povo palestino, também foram destaques nas falas dos participantes.

O presidente do ANDES-SN, Paulo Rizzo, lembrou que a análise de conjuntura está diretamente relacionada à centralidade da luta do Sindicato Nacional, aprovada durante o 33º Congresso realizado em São Luis (MA), em fevereiro deste ano, justamente em razão dos ataques à educação pública.

A centralidade da luta além de expressar a intransigente defesa da educação pública com financiamento público, também se volta para a desmercantilização da educação e melhorias das condições de trabalho e salário para os professores.

A criminalização dos movimentos, com destaque para perseguições e proibições de utilização de espaços públicos para atividades relacionadas à defesa da educação pública também foram citados por Rizzo. O exemplo mais recente foi o Encontro Nacional de Educação (ENE), ocorrido de 8 a 10 de agosto, no Rio, em que, na véspera de sua realização, os governos federal, estadual e municipal proibiram a utilização de escolas para serem espaços de discussão dos grupos de trabalho, bem como voltaram atrás em ceder locais para instalação dos participantes que iriam acampar.

“O que está posto é um processo de mercantilização da educação, de garantia do lucro das grandes corporações em contrapartida à retirada de direitos. É isso que enfrentamos e qualquer tentativa de barrar esse processo será atacada”, reforçou Rizzo. Ele ressaltou a importância da realização do ENE, considerando o encontro “um pequeno grande passo” na unificação e fortalecimento da luta em defesa da educação pública.

A denúncia sobre o ataque à autonomia os movimentos sindicais também foi feita pelo professor Márcio de Oliveira, ex-diretor do ANDES-SN, principalmente com o acirramento da judicialização das greves. Em sua fala, Oliveira corroborou o texto sobre conjuntura apresentado pela diretoria do ANDES-SN para debate no 59º Conad. A análise aponta a crescente mobilização dos trabalhadores, com a realização de 873 greves no ano de 2012 – maior ascensão da luta desde 1996.

Francisco Miraglia, da Adusp Seção Sindical, também destacou os ataques dos governos aos movimentos grevistas e citou a atual greve das universidades estaduais paulistas, onde várias estratégias de repressão estão em curso com o objetivo de intimidar o movimento. Miraglia chamou a atenção dos presentes também para o processo de tentativa de privatização da USP, projeto que, segundo o docente, tende a ser estendido a outros setores. Segundo ele, o ataque à USP, é muito mais abrangente, pois atinge em cheio todas as universidades públicas.

59ª Conad
Além de marcar a posse da nova Diretoria que estará à frente do ANDES-SN nos próximos dois anos, o 59º Conad tem como objetivo atualizar o plano de lutas do Sindicato Nacional aprovado para 2014, a partir do tema central “Luta em defesa da educação: autonomia da universidade, 10% do PIB exclusivamente para a educação pública”, e exercer o papel de conselho fiscal. O encontro teve início na quinta (21) e acontece até domingo (24), em Aracaju (SE).

Números
O 59º Conad reuniu 202 participantes de 58 seções sindicais, sendo 46 delegados e 117 observadores, além 33 diretores e seis convidados.

* com informações de Fritz Nunes (Sedufsm) e Silvana Sá (Adufrj)