Muitos professores concordam que a greve que durou o seu único dia ajudou a evidenciar as fragilidades da UnirG. Segundo eles, a Instituição perde credibilidade por conta de movimentos que tentam a todo custo garantir direitos legítimos de sua categoria. Tais professores ajuízam que esta forma de luta é puro radicalismo, faccionismo de meia dúzia de indivíduos que querem o fogo no circo e o pavor na plateia.

Certo. Esta leitura existe, de fato. E talvez ela se justifique porque as conquistas dessas lutas não sejam tão explícitas, já que o estímulo maior de uma paralisação é a falta do salário no bolso, a exemplo do fim de 2009. Não ocorre, neste momento, o reconhecimento de que, se não fossem as mobilizações, mesmo que aparentemente sem ganhos, inclusive com decisão judicial de ilegalidade, talvez não tivéssemos nem mesmo uma UnirG para trabalhar.

Esta curta matéria pode parecer um ressentimento da direção do Sindicato pelo pouco apoio que recebeu de seus sindicalizados. O Presidente da Fundação UnirG, desde que tomou posse, tem se referido ao reduzido número de professores nas Assembleias da APUG-SSind. Não deixa ele de ter razão. Assim como não deixa ele de poder contar com este conforto. Que bom para uma gestão que viola direitos ter professores não só conformados, como também na defesa dessas mesmas ações, pensando com isso que apoiam uma boa causa. Na verdade, nós nos dividimos. Quando voltará a hora da unanimidade em torno de direitos violados?

A greve de 3 de setembro revelou fragilidades sim. Para as gestões de plantão, a decisão do fim da greve revelou compreensão, bom senso. Mas, para nós mesmos, o episódio da greve revelou vergonha e hipocrisia. Por que afirmamos isso? Porque um bom número de professores que compareceram na Assembleia de 28 de agosto, aprovando a greve, sequer pisou no ato mesmo da greve. Para o Sindicato, trata-se de um exercício irresponsável da democracia sindical.

Quando, numa Assembleia, há uma deliberação qualquer, a obrigação de sua Diretoria é dar o fiel encaminhamento dela. Mesmo que seus diretores não concordem com a deliberação, devem fazê-lo. Muitos dos tradicionais militantes da APUG, inclusive os que compõem a Diretoria atual, alertaram pelo inoportunismo da decisão. Mesmo assim, houve quórum majoritário para o estabelecimento do movimento grevista.

Para que a atuação de todos nesta decisão fique evidente, anexamos aqui as listas dos dois momentos da Assembleia que começou no dia 28 de agosto e se encerrou no dia 3 de setembro, às 18 horas. Quem tiver curiosidade, faça a comparação. Note quem esteve na primeira decisão e quem estava na segunda.

Mas queremos abordar ainda um outro ponto: a responsabilidade de quem não participou, de quem ignorou, de quem depreciou a luta dos companheiros. O QUE VOCÊ PERDEU com sua atitude? Não cremos, na lógica da atual gestão, que teremos, em Janeiro de 2014, alguma revisão dos salários. As mensalidades do alunos só serão novamente corrigidas em Julho. Se não há recursos agora para conceder 5.8% de revisão, como poderá cumprir algo previsto em torno 9% em Janeiro do ano que vem? O que vai acontecer então? As perdas, com as frustrações das lutas de agora, somam 20%. Em Janeiro, as perdas irão a quase 30%. O que isso significa? Simples: é uma Progressão Vertical que se renuncia. É como se o professor Especialista que voltou do Mestrado não quisesse de forma alguma receber como Mestre. E isto por puro espírito de colaboração. Em outras palavras: AMIGO DA ESCOLA. Imagine você, voltando do Doutorado (quatro anos de árduo estudo, se o Curso for bom), convidado a ter um salário de Mestre. Bom, não acha?

No ano que vem, cerca de oitenta professores terão direito à Progressão Horizontal. Passarão de Nível II para Nível III. São 7% de aumento de salário. E aqui a palavra é justamente essa: AUMENTO, direito inerente à carreira. A cada mil reais de salário, haverá renúncia de 70 reais. Bom, não é? Será que vamos adotar o mesmo discurso? Porque não estamos vendo ações concretas para a mudança da situação.

O que perdemos, com nossa falta de mobilização?. Perdemos a chance de valorizar aqueles que, profissional e institucionalmente, valorizam a UnirG com as disposições para a Capacitação. Disposições que continuam ingratificadas e injustiçadas. Aquilo que poderia ser a solução verdadeira da UnirG foi declarado que pode ser protelado e apontado como ação radical.

Quem fala em radicalismo, sabe mesmo o que é isto? Será que um retorno à essência do radical não nos faria realistas? O termo RADICAL vem do Latim RADIX, RADICIS e significa RAIZ. O grego chama isso de RIZOMA. Ou seja: aquilo que é FUNDAMENTAL. Sem o saber, fomos definidos com aquilo que todo professor é ou deveria ser: RAIZ. Raiz de um futuro seguro, raiz de um povo justo, raiz de uma equidade que não lance outras raízes como o conformismo e a humilhação.

No entanto, registramos aqui o agradecimento a todos os que compareceram e defenderam seu ponto de vista, na coerência de um discurso que não foge da responsabilidade da decisão.

 

José Carlos de Freitas

Presidente da APUG-SSind

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