A Auditoria Cidadã da Dívida, organização que atua reivindicando a realização de uma auditoria da dívida pública brasileira, divulgou estudo que contradiz o discurso de déficit do Estado brasileiro – sempre utilizado como justificativa por aqueles que querem retirar direitos dos trabalhadores. Segundo a organização, dados divulgados pelo próprio governo brasileiro indicam que, no ano de 2015, sobraram R$ 480 bilhões no caixa do governo, cuja aplicação é desconhecida.

divida

Nos dados referentes ao ano de 2015, há uma relevante diferença entre os valores referentes às despesas federais pagas, indicados no Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal (SIAFI) – R$ 2,268 trilhões-, e as receitas federais realizadas, indicadas na página da Transparência Brasil – R$ 2,748 trilhões -, divulgadas pela Controladoria Geral da União (CGU). Na contramão de seus próprios dados, o governo federal anuncia publicamente um déficit “primário” de R$111,2 bilhões naquele ano.

“O anunciado déficit de R$ 111,2 bilhões é obtido de forma artificial, comparando-se apenas parte das receitas e despesas, e tem sido usado para justificar contrarreformas que destroem direitos sociais, levando áreas essenciais como saúde, educação, assistência social e previdência ao caos, aprofundando a desigualdade social e aumentando a violência”, afirma o texto da Auditoria Cidadã da Dívida.

Dívida consumiu 42,43% do orçamento em 2015

Em 2015, o governo federal destinou R$ 962 bilhões ao pagamento de juros e amortizações da dívida, correspondente a 42,43% do orçamento executado. Apesar do cenário de enorme escassez em 2015, a dívida interna federal em títulos cresceu de forma acelerada, saltando de R$ 3,2 trilhões em 31 de janeiro do ano passado para R$3,9 trilhões em 31 de dezembro 2015. Ou seja, em apenas 11 meses a dívida interna cresceu R$732 bilhões.

“Recurso é algo que não falta em nosso país. O cenário de escassez vem sendo produzido pelo histórico pagamento de juros e mecanismos financeiros abusivos, atrelados a uma dívida ilegal e ilegítima, cenário esse que tem servido para justificar a contínua entrega do nosso patrimônio por meio das privatizações e a pilhagem de matérias primas agrícolas e minerais. É urgente prosseguir com a reivindicação de completa auditoria da dívida pública – interna e externa – desde a sua origem”, conclui a Auditoria Cidadã da Dívida.

Com informações e gráficos de Auditoria Cidadã da Dívida.

Fonte: ANDES-SN