As consequências das grandes obras de construções de hidrelétricas no Rio Tocantins e os impactos causados ao longo do seu curso foi o tema do segundo encontro deste primeiro semestre de 2021, do Curso de Extensão em Filosofia, Literatura e Cinema, promovido pela Apug e pelos cursos de Psicologia, Direito, Letras, Pedagogia e Educação Física da Universidade Unirg.
O tema do encontro – O afogamento do Rio Tocantins em decorrência das várias usinas hidrelétricas construídas ao longo do seu rio – teve como foco o documentário Tocantins – Rio Afogado, de 2006, com direção de Hélio Brito e roteiro de João Luiz Neiva Brito, que participou do evento fazendo um histórico da captação das filmagens, edição.
Além de João Neiva, a mesa de debates foi composta ainda pelos professores Atamis Antonio Foschiera (UFT), Clerson Dalvani Reis (IFTO) e geógrafo e ambientalista, Cirineu da Rocha, também professor da rede estadual.
O tema foi tão relevante que durou quase quatro horas, ultrapassando o limite das 23 horas, com plateia firme até o final de professores, acadêmicos universitários, alunos da rede pública e convidados. A coordenação da mesa ficou a cargo da professora Edna Pinho (Unirg), assessorada pelo professor Joel Pinho (Unirg) e Gilberto Correia da Silva (Unirg), presidente da seção sindical Apug-Ssind, todos coordenadores do projeto de extensão.
Para o jornalista e cineasta João Neiva, o documentário “Tocantins – Rio Afogado” – vencedor do Projeto Doc TV 2005 é um filme que escancara os impactos sociais e ambientais provocado pelo barramento do Rio Tocantins. “O projeto apresentou pela 1a vez diversos aspectos catastróficos produzidos pela construção de inúmeras hidrelétricas. Desde Serra da Mesa e Canabrava, localizadas no município de Minaçu-Goiás. Peixe Angical, no município de Peixe-Angical-Tocantins, ainda na sua fase de construção. E Estreito, ainda na época em processo de licenciamento”, afirmou Luiz Neiva, ressaltando que o documentário permitiu aos participantes do encontro externar e expor leituras muito apropriadas da tragédia provocada pela política energética adotada no país desde a década de 30. “Foi com imenso prazer que participamos da live do Filosofia e Cinema, exemplo de projeto de análise e debate desenvolvido pela Apug e Unirg”, finalizou.
A mesma impressão teve o professor Atamis Antonio Foschiera. “Na realização do 2º Encontro – Filosofia, Literatura e Cinema 2021-1, a apresentação do documentário ‘Tocantins, Rio Afogado’, abriu-se um leque de discussões envolvendo a realização de usinas hidrelétricas (UHE). O diferencial apresentado no documentário foram os impactos e a percepção de ribeirinhos sobre a sequência de UHE construídas ao longo da bacia do rio Tocantins, bem como a menção de outras que estão em planejamento”.
O professor Atamis lembra ainda que o documentário chamou a atenção para as políticas energéticas, o descaso com as populações ribeirinhas, os impactos socioambientais das UHE’s, o licenciamento ambiental, a lógica neoliberal da reestruturação do setor elétrico brasileira, entre outros pontos. “Como mensagem para o futuro ficou clara a necessidade de maior envolvimento da sociedade nas políticas territoriais; a importância do conhecimento para além do território vivido, para compreender a relação global/local na produção do espaço e que a questão ambiental tem que ser um dos eixos centrais no pensamento social” frisou.
Já o professor do IFTO e engenheiro Clerson Reis, trouxe para o debate elementos de sua experiência em Recursos Hídricos e seu conhecimento a respeito do Rio Tocantins e de suas comunidades. Inicialmente apresentou uma visão técnica a respeito da importância da energia elétrica de geração hidráulica frente às outras fontes de geração e indicou, a partir de seu entendimento, “que as UHE’s têm alguns fatores positivos, mas que os impactos são muito grandes, especialmente na fase de implantação”. Destacou ainda que “a forma de relacionamento com as comunidades locais para implantação de medidas mitigadoras é que é mal conduzida e que precisa ser profundamente aprimorada”.
Para a professora Edna Pinho, que conduziu a mesa, o documentário sensibiliza pela abordagem que faz da problemática e suscitou muitos questionamentos “envolvendo o papel do estado, a produção de energia em larga escala, a necessidade de repensar o ritmo de consumo que temos, os problemas sociais em relação a vida das famílias impactadas e as questões de alteridade, subjetividade e respeito a vida e a identidade cultural, sobretudo , no que se refere a relação com o ambiente/área impactada”, finalizando que o debate foi “bom, qualitativo e esclarecedor”.
O encontro foi transmitido ao vivo pela Rádio Apug, Facebook da Apug e Youtube ApugSsind. Para assistir o encontro clique no link da apug ssind.
O projeto, que existe há quase 12 anos, sendo o curso de extensão com mais tempo de duração na parceria Apug/Unirg, está abordando até dezembro de 2022, temáticas da Região Norte do Brasil e, por isto, subintitula-se NORTIDADES BRASILEIRAS. Em cada semestre, o participante receberá um Certificado de 30 horas que poderão ser contabilizadas por acadêmicos e alunos do Ensino Médio como Atividades Extracurriculares, além, é claro, de cumprir sua finalidade principal: a de possibilitar reflexões através da Arte.
A terceira edição será no dia 24 de abril e abordará o tema Trabalho Escravo na Região Norte do Brasil.
Fonte: Ascom/Apug