Professores da Unirg debatem Ditadura Militar no Festival de Cinema em Gurupi

Dentro da programação do 10º Miragem – Festival de Cinema de Miracema, iniciado na última segunda-feira, em Gurupi, o presidente da Apug-Ssind, o vice-presidente e o diretor de formação sindical da seção sindical, respectivamente, Gilberto Correia da Silva, Paulo Henrique Costa Mattos e Joel Pinho, participaram na noite da quarta-feira do debate sobre a Ditadura Militar.

Precedido de quatro curtas sobre o tema, que concorriam à votação popular dos presentes ao auditório do IFTO de Gurupi, a ditadura foi abordada sob vários aspectos e especialmente do ponto de vista histórico e sociológico, alem da memória visual da época do regime militar.

O presidente da seção sindical Apug-Ssind, professor e jornalista Gilberto Correia, foi o mediador do debate e ao iniciar sua fala, reforçou as 10 razões para não sentir saudades da Ditadura Militar no Brasil, desmistificando a questão do “milagre econômico”, com o bolo que cresceu mas não foi dividido, a censura e o ataque à imprensa, tortura e ausência de direitos humanos, linha dura na educação e corrupção e falta de transparência, entre outros fatores, que no entender do professor “não são do conhecimento público e muitas vezes são distorcidas às informações dos que hoje, em análise à crise atual, defendem uma intervenção militar no Brasil, muitas vezes movido por um sentimento nacionalista tão ufanista, quanto fora no período do regime militar”, avaliou.

O professor Paulo Henrique, ao ser provocado em traçar um paralelo da ditadura com a atual situação do pais, explicou que o “Brasil atual vive um grave momento em sua realidade econômica, política e social, pior do que nos inicio dos anos 60, aliada a uma profunda crise moral, política e social”, fruto, segundo o historiador,, em parte de uma nova divisão internacional do trabalho, que o Brasil esta passando por uma inserção econômica  internacional cada vez mais dependente  e passando por um processo crescente de desindustrialização (tal qual nos patamares da era JK), e voltando a ser um pais mineiro-agrário exportador. “É só olhar o peso das commodities agrícolas, que ocupam 48% da nossa balança comercial”, exemplifica Mattos.

Para o educador, cada vez mais quem dá o tom da economia é o agronegócio e a bancada ruralista é majoritária no congresso e centraliza o neoconservadorismo político hoje difundido pelas bancadas do boi, evangélica e da bala, propiciando o avanço do conservadorismo político que limita qualquer avanço social, pelas aprovações, por exemplo, “contra o conceito do trabalho escravo”, maioridade penal, entre outras questões pertinentes e importantes para se garantir o direito do cidadão brasileiro.

Com relação ao regime militar e aos que defendem a volta dos militares ao poder, Paulo Henrique foi enfático ao dizer que “quem afirma que o governo do PT é de esquerda, socialista e que os militares deveriam voltar ao poder. não entende nada de história,. Desconhece o que foi a ditadura e sente saudades do que não viveu. Eu tive o desprazer e a infelicidade de viver uma boa parte de minha juventude sob esse regime político e sei o que ele significa. Tive amigos que passaram anos na cadeia, que viveram no exílio e tiveram irmãos assassinados brutalmente sob tortura ou que até hoje estão desaparecidos”,  afirmou.

O Miragem em Gurupi é organizado pelo Coletivo Nós, IFTO Campus Gurupi e CEM de Gurupi.