Mais de cinco mil servidores públicos federais, estaduais e municipais, militantes de movimentos sociais e do movimento estudantil ocuparam a Esplanada dos Ministérios, em Brasília (DF), na noite de segunda-feira (12) para protestar contra a retirada de direitos e o ajuste fiscal. A manifestação, que marcou a abertura da Jornada de Lutas, que continua até quarta-feira (14), também reivindicou a cassação de Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara dos Deputados.

imp-ult-1304666067

Os manifestantes realizaram a concentração do ato na tenda da Jornada de Lutas, localizada em frente ao Museu Nacional, na Esplanada dos Ministérios. De lá, saíram em caminhada até o Congresso Nacional, por volta das 19h. Três carros de som organizaram a manifestação com intervenções, músicas e palavras de ordem. Um grupo de servidores, portando velas, organizou um grande “mosaico” humano formando a palavra Fora Temer.

A chegada do ato ao Congresso Nacional se deu no momento da abertura da sessão da Câmara, que deliberaria pela cassação de Eduardo Cunha, ex-presidente da Casa que, além de ser grande articulador de propostas que retiram direitos dos trabalhadores e trabalhadoras, é acusado de mentir sobre a propriedade de contas bancárias na Suíça.

A delegação do ANDES-SN, com docentes de todas as regiões do país, esteve junto às demais delegações do Fórum das Entidades Nacionais dos Servidores Públicos Federais (Fonasefe), como a da Fasubra, do Sinasefe, da Asfoc e da Fenasps. Representantes das entidades fizeram suas intervenções no carro de som do Fonasefe durante a caminhada, e também em frente ao Congresso. Maria Lúcia Fatorelli, coordenadora da Auditoria Cidadã da Dívida, também fez uso da palavra, explicitando os riscos à sociedade brasileira que estão incluídos no Projeto de Lei do Senado (PLS) 204/2016, que, entre outras coisas, irá legitimar o esquema de geração da dívida pública.

imp-ult-465563969

Em sua fala, Eblin Farage, presidente do ANDES-SN, criticou Eduardo Cunha. “Ele luta contra os direitos das mulheres trabalhadoras e acredita que só existe um tipo de família, que não representa a diversidade da sociedade brasileira. É necessário que todas as trabalhadoras e todos os trabalhadores se coloquem nas ruas contra esse tipo de conservadorismo que domina o Congresso Nacional”, disse a docente. “Não aceitaremos mais retrocessos. Não aceitaremos machismo. Não aceitaremos retirada de direitos”, completou a presidente do ANDES-SN.

Cunha é cassado

Na mesma noite (12), o plenário da Câmara dos Deputados aprovou por 450 a favor, 10 contra e 9 abstenções a cassação do mandato do deputado afastado Eduardo Cunha. Com o resultado, Cunha perde o mandato de deputado e fica inelegível por oito anos, mais o tempo que lhe resta da atual legislatura. Os deputados aprovaram o parecer do Conselho de Ética que pediu a cassação do mandato de Cunha por ele ter mentido durante depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras sobre ter contas secretas na Suíça que teriam recebido dinheiro do esquema de pagamento de propina envolvendo a Petrobras e investigado na operação Lava Jato. A medida põe fim a um dos mais longos processos a tramitar no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, que se arrastava por 11 meses e interrompe o mandato de um dos políticos mais controversos dos últimos anos.

“Eduardo Cunha era um marco do conservadorismo no Congresso Nacional e sua cassação representa um pequeno avanço na luta contra o retrocesso social”, afirmou Eblin Farage, presidente do ANDES-SN. Em seu último mandato na Câmara dos Deputados, período em que assumiu a presidência da Casa, Eduardo Cunha ficou conhecido como defensor do Estatuto do Nascituro, da redução da maioridade penal e da anistia às dívidas dos planos de saúde, entre outros projetos que atacam os direitos dos trabalhadores.

Com informações de EBC

Fonte: ANDES-SN