Passadas as eleições sindicais para a presidência do Sindicato dos Professores Universitários de Gurupi (APUG-SSind) e perto dos 60 primeiros dias da posse, realizada no dia 11 de dezembro de 2017, a equipe do Jornal da APUG entrevistou o Presidente e a Vice-Presidente  eleitos pela chapa 1 (Sindicato é Pra Lutar), mestre Paulo Henrique Costa Mattos e a Mestre Edna Maria Pinho, que falaram sobre processo eleitoral, movimento sindical e os projetos a serem implementados pela nova gestão da Apug, para o mandato que vai até dezembro de 2019.

 Paulo Henrique, graduou-se em História pela Universidade Federal de Goiás e em Sociologia pela Universidad Ñico Lopes, Cuba. É mestre em História, Cultura e Poder pela PUC-Go, Especialista em História Regional do Tocantins, pela Unitins e em Direitos Humanos pela PUC-GO. Na área acadêmica, integra o corpo docente dos cursos de Psicologia, Direito, Administração e Engenharia Civil. Já tendo sido docente na UNITINS (Universidade Estadual do Tocantins), FIESC (Faculdades Integradas de Ensino Superior de Colinas) e no IFCR-MA (Instituto de Filosofia e Ciências Religiosas do Maranhão). Também é escritor e pesquisador da questão do trabalho escravo contemporâneo e faz parte do GPTEC (Grupo de Pesquisa Trabalho Escravo Contemporâneo) da UFRJ. Tem publicado onze livros com temas educacionais, sociológicos, históricos, políticas públicas, analise social, contos e poesia.edna e paulo

Edna Maria Pinho: Graduou-se em Pedagogia pela Universidade do estado do Pará (UEPA/PA), é Especialista em Orientação Educacional pela Universidade Salgado de Oliveira (UNIVERSO/RJ) e mestre em Educação pela Universidade Federal do Tocantins (UFT/TO). Atualmente é professora na Fundação UnirG – Centro Universitário UnirG  no Curso de Pedagogia e Coordenadora da Comissão própria de Avaliação –CPA, e professora no Instituto Federal de Educação, Ciência e tecnologia – Campus Gurupi / TO no Curso de Licenciatura em Artes Cênicas. É membro dos Grupos de Pesquisa NUPHEDIC /CNPQ/IFTO, Grupo de Pesquisa em rede Internacional Investigando Escolas Criativas e Inovadoras – TO/PPGE/TO e Grupo de Pesquisa em Processos Educativos – UnirG/TO e membro da Rede Internacional de Escolas Criativas – RIEC. Tem experiência na área da Educação, atua nas áreas de Educação Infantil, metodologia de Ensino, Formação de Professores, Criatividade e Escolas Criativas. Como escritora possui 03 capítulos de livros publicados.

JÁ – NA OPINIÃO DE VOCÊS COMO FOI O PROCESSO ELEITORAL NO QUE SE REFERE A FORMAÇÃO DE CHAPA, PLATAFORMA DE CAMPANHA E A DISPUTA PROPRIAMENTE DITA?

Paulo Henrique: Acredito que realmente vivenciamos um processo eleitoral marcado por desgastes desnecessários, inclusive com o envolvimento de setores da gestão acadêmica, que tentou instrumentar o Sindicato para que ele não fosse de fato um instrumento de defesa dos interesses coletivos. Tentaram imputar inclusive em materiais de campanha, a ideia de que somos insanos, incapazes de dialogar, de conduzir de forma responsável a gestão do sindicato.

Pior ainda, chegaram mesmo a levantar suspeitas de que haveria desonestidade no uso dos recursos financeiros do presidente da gestão anterior do sindicato. Além disso, questionaram o fato da APUG ser uma seção sindical do ANDES, algo que segundo alguns seria algo desvantajoso para os docentes da UNIRG. O que evidentemente é uma falsidade, pois acreditamos que sindicato deve ser uma ferramenta de lutas e não uma associação municipal para fazer festas e confraternizações.  Por isso defendemos a APug como uma seção sindical do ANDES. Em diversos momentos o ANDES nos foi fundamental. Recentemente a Apug não tinha recursos financeiros para fazer a perícia da insalubridade, para que os professores com direito possam receber o devido adicional, foi pago R$ 8.500,00 pela perícia e quem nos auxiliou com o dinheiro foi o Sindicato Nacional.

Mas apesar de tudo, conseguimos fazer uma campanha sem falar mal de nossos adversários porque acreditamos que a APUG não é uma diretoria, um grupo, mas todos nós, docentes que participamos, que construímos e defendemos os interesses da categoria docente da UNIRG. Quem queima todas as pontes por onde passa, se descobre depois sozinhos e cheios de inimigos e adversários. Por isso mesmo, não consideramos que tenha havido vencedores e derrotados nas eleições da APUG.

Penso que que a eleição da APUG foi muito disputada, mas foi um processo eleitoral legítimo, que o voto dos sindicalizados foi consciente e que agora temos que construir uma unidade efetiva, na base, na prática inclusiva, na ampliação das filiações e acima de tudo na defesa dos direitos da categoria. Diálogo haverá, mas não aceitaremos assédio, perseguição a professores, não faremos conciliação, aceitação de privilégios, vista grossa com coisas erradas por parte da Reitoria, da Fundação ou de quem quer que seja. Não vamos aceitar jamais, de ninguém os desmandos, as irregularidades, os desvios, as benesses para alguns em detrimento dos interesses coletivos.

Já disse e volto a repetir o voto serve para legitimar a representação, mas não é um cheque em branco para ninguém ser déspota, antidemocrático, autoritário e falte com o respeito para com a categoria docente. Isso vale para a APUG, mas também para os nossos gestores acadêmicos e administrativos. Por isso mesmo, já estamos conversando com o advogado da APUG para judicializar tudo aquilo que é violação de direitos dos docentes. Antes mesmo de tomar posse nos reunimos com o Presidente da Fundação para discutir a questão das progressões dos professores que não foram incluídos na primeira leva de negociação. Também discutimos a questão da data base de janeiro de 2018 e buscamos saber como ficaria a questão dos direitos trabalhistas que não vinham sendo cumpridos.

Sempre mostramos disposição para o diálogo e o entendimento, acreditamos que nós professores temos deveres que tem que ser cumpridos, mas nossos direitos também têm que ser. Por isso mesmo, convidamos a todos os filiados que tem os interesses coletivos atingidos que procure o Sindicato, que participe das Assembleias e da vida do sindicato, que nos ajude a ser fortes e capazes de mudar o que está errado. Só seremos capazes de ser um instrumento de luta se houver participação, envolvimento, coragem de lutar contra o que está errado.

Já fui presidente da APUG entre 2009 e 2010 e naquele período conseguimos juntos barrar a privatização da UNIRG, as práticas corruptas e nefastas a Instituição porque tínhamos uma grande unidade, uma participação efetiva da categoria.  A gestão de 2018 até 2019 será uma gestão transparente, classista e de lutas. Queremos superar nossas divergências na prática, na discussão política, na atuação democrática, no diálogo e nas conversas com os professores filiados, a quem devemos obrigações e deveres. Para isso vamos inclusive melhorar a nossa política de comunicação através do site da APug, da rádio WEB, da rearticulação do jornal, dos murais, do uso do WhatsApp, e-mails e se for possível até através de uma TV-WEB.

Antes da confecção da chapa tentamos fazer uma chapa unitária que levasse em conta a constituição dos interesses de toda a categoria, mas como não foi possível agora vamos construir uma gestão onde a oposição explicite suas posições, onde o que for divergência saia do plano da fofoca e vire debate, grandes discussões que convergiam na direção de um formato que possa virar melhorias, lutas, manutenção  da tradição dos 30 anos de uma APUG atuante, classista, comprometida com a melhoria da qualidade do ambiente de trabalho, dos salários e da carreira.

Foi com esse espírito que se formou a chapa vitoriosa com representação e apoio da maioria dos professores. Após a vitória nosso foco será manter a APUG como um sindicato capaz de orgulhar a categoria docente independente do que pense os gestores acadêmicos e administrativos, dos que pensam que sindicato não serve para nada, lutaremos para cumprir com todos os compromissos que apresentamos em nossa plataforma.

JA- PROFESSOR PAULO EM SUA OPINIÃO QUAL SERIA UM DOS MAIORES PROJETOS A SER IMPLEMENTADO PELA NOVA GESTÃO?

São tantos os desafios, com os atuais desmandos e descasos com a categoria docente e o sindicato que posso enumerar e citar apenas alguns: 1) Lutar pelo fim do desrespeito a titularidade dos professores; 2) Lutar pela defesa do Enquadramento Docente e fim dos privilégios para alguns professores em detrimento de todos; 3) Lutar pela manutenção das conquistas salarial, inclusive da recomposição de 2018; 4) Exigir condições dignas de trabalho; 5) Encampar a luta dos contratados, contra o assédio, contra a precarização,  exploração e o desrespeito aos direitos fundamentais; 6) Lutar pela realização do Concurso Público sem nenhum tipo de apadrinhamentos e favorecimentos; 7) Envolver mais os docentes nos eventos do ANDES-SN; 8) Manter e aprofundar os processos formativos com análises de conjuntura, cursos de formação política, debates; 9) Reaproximar o sindicato das lutas dos servidores e estudantes, para construir uma ampla unidade capaz de frear os desmandos e favorecer uma formação de qualidade; 10) Lutar por uma maior participação dos professores aposentados e pela defesa do fundo previdenciário municipal e 11) Fiscalizar o processo de construção final do Campus I,  para evitar os problemas da primeira etapa.

JA– DEIXAMOS ESSE ESPAÇO LIVRE PARA SUAS CONSIDERAÇÕES FINAIS

PH –No plano específico, além de tentar buscar uma gestão democrática, participativa, envolvente, eu como presidente, farei uma luta constante contra o personalismo, ou seja, uma presidência que sempre expressará a posição do conjunto da Diretoria, dos fóruns deliberativos (Assembleias Gerais, reuniões). O sindicato não tem dono, deve ter participação. Entendo que o momento conjuntural é bastante difícil, que nos próximos anos haverá muitos ataques aos direitos docentes, que haverá muitas tentativas de retirar conquistas e que poderá haver inclusive um arrocho salarial e a manutenção de práticas nocivas à categoria docente, mas que o melhor rumo é construir um sindicato moderno e democrático no bojo de lutas que possam ampliar a politização, a participação, o  fortalecimento de todos os espaços de discussão democrática que garanta a vontade da maioria da categoria e não os interesses minoritários de grupos, panelinhas e amigos.

Vamos garantir o retorno da APUG ao noticiário como um sindicato classista, de lutas, com uma roupagem multicolorida, mas comprometida com o verdadeiro papel sindical, que não é o de ser uma Associação somente para festas, reuniões de amigos, lazer e confraternizações. Isso deve fazer parte, mas não é o todo. Cada diretor da APUG deverá estar envolvido com um assunto, cada diretor será o porta voz da entidade procurando sempre estar respaldado em dado corretos e nunca sem ter consultados a categoria.

Agindo assim manteremos a presença política do nosso Sindicato Docente nas lutas específicas da categoria, bem como na luta no campo econômico, político e social do nosso município, Estado e país. Não somos uma ilha, somos parte da classe dos que vivem do labor, do trabalho e por isso mesmo, para nós, patrão é patrão e Sindicato é Pra Lutar. A vida segue e sonhar ainda é fundamental, mas sonho bom é o que se constrói coletivamente. Sonho que se sonha só, vira pesadelo.

 JA – PROFESSORA EDNA NA SUA OPINIÃO, QUAL FOI A MAIOR MOTIVAÇÃO QUE DETERMINOU O RESULTADO DAS ELEIÇÕES?

 EDNA: Quando decidimos de fato concorrer a eleição tomamos a decisão coletiva de que nossas ações seriam focadas na apresentação das propostas e na discussão saudável das questões políticas. O entendimento foi de que na chapa concorrente estavam 22 docentes sindicalizados para os quais estávamos também nos comprometendo em defender como representação sindical, no caso de eleitos. Então não fazia sentido, tentar mostrar a qualidade das nossas propostas depreciando ou diminuindo as propostas ou até mesmo a chapa concorrente com acusações e palavras que poderiam desmerecer o valor que cada professor envolvido no processo tinha e tem. Acreditamos no debate aberto, franco e politizado. Defendemos o ensino superior plural, democrático e com liberdade de expressão. Manter este foco, foi, sem dúvida, o nosso grande diferencial.

JA– COMO A SENHORA AVALIA ATUALMENTE O ENVOLVIMENTO DA CATEGORIA DOCENTE DA UNIRG NO MOVIMENTO SINDICAL?

 EDNA: Vejo que os professores se envolvem como podem, com tempo que podem dispor. E isto tem se resumido numa participação docente pequena nas atividades sindicais. Não se trata de um fenômeno isolado da APUG, pura e simplesmente. De modo geral, o envolvimento das categorias com os seus sindicatos nos últimos anos têm se esvaziado. Creio que a grande pergunta é, se neste formato, com envolvimento de poucos, é o suficiente para manter uma categoria forte, articulada e disposta para as lutas do dia-dia da carreira. Creio que não. Precisamos criar formas de sensibilização e envolvimento dos docentes para o movimento sindical.

 Vejo que a participação como um dos maiores desafios nos próximos anos. Como fazer para envolver mais docentes nas articulações e tomadas de decisão do sindicato? Existem outras formas de envolvimento para além daquelas já praticadas? Como despertar os docentes para o compromisso sindical? As novas tecnologias podem minimizar este distanciamento? De que forma? Neste aspecto a nova diretoria tem muito trabalho pela frente. E uma das discussões inevitáveis é se o formato do fazer sindical que temos é de fato suficiente para mobilizar e manter o envolvimento e o compromisso da categoria docente com movimento sindical, pelo menos no âmbito da APUG. Responder o que é preciso fazer para aumentar a participação, agregar e fortalecer a categoria é sem dúvida uma prioridade que exigem ação permanente e atenção especial da nova diretoria.

JA – QUAIS SÃO SEUS PLANOS DE ATUAÇÃO À FRENTE DA VICE-PRESIDÊNCIA DA APUG?

 EDNA: Como vice-presidente serei primeiramente colaboradora do professor Paulo Henrique na presidência e auxiliadora em relação as demandas do sindicato e ao plano de gestão da nova diretoria. Como membro da diretoria trago para vice-presidência o compromisso de articular e organizar a implantação do setor “APUG MULHER” cujo objetivo é a mobilização da força feminina do professorado para as questões da carreira e   relativas as especificidades da condição feminina no trabalho. Outro aspecto que considero importante e já foi mencionado pelo professor Paulo Henrique, diz respeito as condições adequadas de trabalho e do tratamento com equidade a extensivo a todos os professores. Não podemos permitir que se cristalize situações de tratamento diferenciado que nos colocam na situação de categoria e subcategoria. E por último, não menos importante, precisamos urgente começar a discutir a relação trabalho docente e adoecimento, precisamos falar também sobre a saúde do professor e acompanhar muito de perto a previdência. Vejo que estes quatros temas são significativos e se desdobram em inúmeras outras ações que exigirão dedicação, esforço e muito trabalho nos próximos dois anos.

Fonte: Ascom/Apug-Ssind