O 2º Congresso Nacional da CSP-Conlutas começou na manhã desta quinta-feira (4) em Sumaré (SP). O congresso, que se encerra no domingo (7), reúne mais de duas mil pessoas, de todos os estados do Brasil, para discutir a conjuntura e a política da Central para os próximos dois anos.
Amauri Fragoso de Medeiros, tesoureiro do ANDES-SN, e Eliana Lacerda, da Federação dos Gráficos de Minas Gerais, coordenaram a mesa de abertura do evento. Foram convidados a falar diversas entidades, movimentos sociais e partidos políticos, que saudaram a realização do encontro.
A mesa contextualizou a realização do evento, lembrando que o 1º Congresso aconteceu também em Sumaré, mas que houve antes quatro outros espaços como esse – parte do mesmo processo de construção politica de uma central sindical classista e independente de governos e do poder econômico, que se iniciou em 2004.
Um vídeo, que rememorou as lutas sociais dos dois últimos anos, como as Jornadas de Junho e diversas greves e mobilizações pelo país, foi, em seguida, apresentado aos presentes no evento. Atnágoras Lopes falou em nome da central. Ele fez um chamamento para que o congresso honre a história dos lutadores sociais que fizeram e fazem a classe trabalhadora se mobilizar por seus direitos.
Lembrou as ocupações de reitoria e as greves, incluídas a dos docentes federais e estaduais de ensino superior, que estão acontecendo nesse momento, e destacou a necessidade da luta contra a proposta que permite a terceirização irrestrita. Ressaltou a necessidade da construção do internacionalismo pela CSP-Conlutas, desde a realização de encontros internacionais até a solidariedade com os imigrantes haitianos no Brasil.
Por fim, o representante da CSP-Conlutas afirmou que o congresso da central é construído de maneira independente política e financeiramente dos patrões e dos governos, e que é a partir dessa independência que a central pode se fortalecer como instrumento de luta da classe trabalhadora para derrotar o capitalismo.
Em seguida, foram chamados à mesa todos os convidados internacionais do congresso, que representam trabalhadores de Argentina, Chile, Colômbia, Egito, Haiti, Itália, França, México, Palestina, Peru, Tunísia e Turquia. Christian Mahieux, da Rede Solidaires francesa, fez uma saudação ao congresso em nome das delegações estrangeiras, ressaltando a importância da construção internacionalista e homenageou Dirceu Travesso, responsável da CSP-Conlutas pelas relações internacionais que faleceu recentemente.
O presidente do ANDES-SN, Paulo Rizzo, afirma que este primeiro dia de congresso já pode ser visto como vitorioso devido à expressiva participação dos trabalhadores, e que acredita que o encontro será capaz de definir resoluções que armem a central para os enfrentamentos que a conjuntura impõe. Ressaltou que o ANDES-SN participa com significativa delegação das seções sindicais, trazendo contribuições que foram definidas pelo 7º Conad Extraordinário, realizado em maio na cidade de Brasília (DF).
Painel de conjuntura
Logo após a mesa de abertura, teve lugar o painel sobre conjuntura internacional e nacional, com a participação de Luciana Genro, do Psol, e Mauro Iasi, do PCB, e Zé Maria, do PSTU. As três falas convergiram em relação à caracterização da crise econômica e política pela qual passa o país.
Os painelistas ressaltaram que o governo federal está levando a cabo um ajuste fiscal que retira direitos dos trabalhadores para conseguir manter os lucros dos banqueiros, do agronegócio e dos grandes empresários. Foram citados como exemplos as Medidas Provisórias (MP) 664 e 665, de 2014, que diminuem o acesso dos trabalhadores ao seguro-desemprego e pensão por morte, e o Projeto de Lei (PL) 4330/2004, agora Projeto de Lei da Câmara (PLC) 30/2015, que permite a terceirização ampla e irrestrita.
Os debatedores afirmaram também que a classe trabalhadora está perdendo a referência no Partido dos Trabalhadores (PT) e que, com isso, abriu-se um processo novo e complexo de disputa de consciência, no qual uma central como a CSP-Conlutas tem papel fundamental na construção da mobilização social e da unidade com as demais centrais sindicais para barrar os ataques aos direitos sociais.
Observaram ainda que a polarização entre os maiores partidos políticos do país é uma falsa dicotomia, já que ambos os grupos disputam entre si para definir quem comandará a política de ajustes, e os trabalhadores, para ambos os grupos, são sujeitos apenas no que toca à retirada de direitos.
Por fim, criticaram o discurso do crescimento do conservadorismo no país, apontando que a presença de ruralistas, banqueiros, grandes empresários, corruptos e fundamentalistas religiosos no governo federal há 13 anos demonstra que o conservadorismo sempre esteve presente, e que é pelas ruas, e não por meio do Congresso Nacional, que os trabalhadores conseguirão suas vitórias políticas.
O primeiro dia do 2º Congresso Nacional da CSP-Conlutas continuou com a realização de plenária para aprovar o regimento do congresso, e, posteriormente, com Grupos de Trabalho (GTs) que debateram o painel realizado pela manhã.