Ciclo de debates na APUG
Foi com a apresentação do Coletivo Um Corpo, Uma Voz, que se iniciou o evento realizado pela APUG referente ao Dia Internacional da Mulher. O coletivo composto por Rayssa Alves e Adriana Souto, com participação de Ayalla Teixeira, retrata a vida e as lutas femininas por meio de música, dança e teatro.
Com o tema “A realidade da Mulher no Mundo Atual” o ciclo de debates contou com a participação de Gabriela Cardoso, presidente do SINTET (Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Tocantins), Jaqueline Ribeiro, representante da OAB (Ordem dos advogados do Brasil) de Gurupi e Luciléia Barbosa, presidente do SISEMG (Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Gurupi). A Liga Acadêmica de Direitos Humanos da UnirG também esteve presente, além de sindicalizadas e convidados.
Para o professor Gilberto Correia, presidente da APUG, que na abertura mostrou os números do levantamento do Monitor da Violência, G1 e Núcleo de Estudos da Violência da USP e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, onde mesmo tendo reduzido o número de homicídios de mulheres no Brasil, observou-se um aumento de 7,3% nos casos de feminicídio em 2019, em relação ao anterior, que são os crimes motivados pela condição de gênero.
“A roda de conversa realizada na APUG, vem reforçar nosso compromisso enquanto seção sindical do ANDES e defensores da bandeira da mulher em todos os níveis e esferas, para que possamos eliminar o preconceito, e combater incisivamente os abusos, agressões, feminicídio e toda ação e forma de violência contra mulher. Temos visto em nossa cidade e universidade uma descriminação absurda de machismo exacerbado, que precisa ser combatido com ações culturais, mas sem esquecer que denunciar toda forma de opressão faz parte do movimento que transforma, para que possamos ter uma participação ativa, coerente e de unidade, juntos, homens e mulheres, em prol de uma sociedade mais justa e igualitária” dissertou Gilberto.
No decorrer do debate, todos puderam expor suas opiniões e experiências. A professora da rede estadual e privada de ensino, Alana Linhares, relata que já esteve em um relacionamento abusivo e que se considera privilegiada por poder participar da roda de conversa, que infelizmente não é acessível a todas as mulheres.
A representante da OAB de Gurupi, Jaqueline Ribeiro, agradeceu a presença dos homens por participar do debate – quatro estavam presentes. “É importante vocês estarem presentes, debatendo e participando desse debate, porque vocês são formadores de opinião e se relacionam com muitas mulheres[...] Eu tenho certeza que cada uma de nós aqui pode contar uma história de violência ou abuso que sofreu.”
Professora Alana parabeniza a APUG pela realização do evento: clique aqui para ver o vídeo
A presidente da Liga de Direitos Humanos, Thaís Amazilia, falou da ação que a Liga realizou na faculdade. “Nós distribuímos várias mensagens de sororidade e empatia pelos banheiros femininos, nelas tinham um espaço aberto para que elas relatassem experiências que tiveram em seus relacionamentos. O resultado foi uma surpresa pra mim, teve relatos de muitos casos de violência psicológica.”
Lucirez Amaral, diretora de assuntos culturais da APUG, fala sobre a importância do dia da mulher. “É um dia importante, não para se vangloriar de ser mulher ou fazer festa, mas para refletir sobre o papel da mulher, sobre a violência que ela sofre na sociedade. A gente tem que conscientizar e levar isso para as comunidades, não só nos meios acadêmicos. É preciso descontruir esse estado de espírito que se formou, o caminho é longo, mas é debatendo e conversando que chegaremos lá”, finalizou.
Ao final do evento a APUG presenteou todas as participantes com flores.
Dia 8 de março – por ANDES-SN
O dia 8 de março é uma data de luta a ser destacada no calendário. Dois acontecimentos significativos marcaram esse dia: um deles começou em 1909, onde as mulheres socialistas norte-americanas organizaram o primeiro Dia da Mulher da história, no qual exigiram direitos políticos para as trabalhadoras. Alguns anos depois, um protesto das mulheres operárias de São Petersburgo, em 1917, desencadeou a Revolução que daria início à União Soviética. Essa manifestação viria a mudar o nome da cidade, para Petrogrado, e modificar também toda a história mundial.
Já a internacionalização da data aconteceu em 1911, a partir da Alemanha e da Áustria. Os homens ficaram em casa, cuidando das crianças, enquanto as trabalhadoras realizaram imensas manifestações nas ruas. A escolha do dia 8 de março como marco de celebração, entretanto, deu-se apenas em 1913.
Mais de um século de lutas, portanto, durante o qual as mulheres conseguiram expressivas vitórias e conquistaram direitos. Porém, a luta hoje se faz até, talvez, mais necessária do que nos anos anteriores. O Dia Internacional da Mulher é uma data de destaque para que mulheres trabalhadoras possam levar às ruas toda a indignação, exigindo o respeito aos direitos conquistados, tais como aposentadoria e sufrágio universal. Até mesmo a Lei Maria da Penha, que criminaliza a violência doméstica e, em 2019, foi ameaçada de revogação.
Este ano, o 8 de março reforçará a importância da mulher trabalhadora. Todas e todos nas ruas, preparando a greve nacional da Educação e defendendo as liberdades democráticas e o direito à vida das mulheres!