A situação financeira da UnirG, sempre pintada de calamitosa por seus gestores, a fim de justificar medidas de atentados a direitos legítimos, já foi, em primazia, estudo e conhecimento do Sindicato. A APUG-SSind, desde 2010 pelo menos, vem fazendo estudos das projeções financeiras da Casa. E alertando para a necessidade de alguns reparos que vão desde a contratação de pessoal estritamente necessário aos cuidados com a economia de energia elétrica nos recintos.

Mas esta situação agora, em que nós nos empoderamos da administração da UnirG, colocando-nos na vitrine como alvo para as críticas de empresários e cidadãos de Gurupi, ela foi construída historicamente e tem muitos responsáveis. O problema é que, quando se pensa em tomar alguma atitude séria, as penas vêm para os professores e alunos. Professores, porque são eles de fato os que, com seu trabalho, obtêm a renda da UnirG. Alunos, porque são, até o momento, a única fonte de recursos. Isso, apesar de ser esquecido na hora das responsabilizações, é a verdade da UnirG.

Todavia, nessa linha de verdade, os problemas financeiros atingem, em linha de frente, justamente estes dois atores de provimento. A APUG-SSind sempre foi compreensiva e concessiva no que toca às dificuldades dos gestores em reordenar as finanças. IPASGU em atraso e vital para o servidor no futuro. Progressões vencidas e imprescindíveis para o reconhecimento do trabalho docente. Revisões salariais por três anos consecutivos sem atendimento algum. Carga horária excessiva sobre os professores realmente comprometidos com a gestão da Academia. O Sindicato sempre atuou, em sua legitimidade, buscando conciliar o seu papel com as necessidades da Casa.

Neste momento, em que nos empacamos diante de inviabilidades como baixa procura pela maioria dos cursos, falta de pessoal qualificado para implementar cursos de pós-graduação e coordenar projetos com fomento, receita sem margem para investimentos necessários, etc, o Sindicato lembra que, há um ano, na gestão da Srª. Dulce Furlan, quando tivemos a Fundação UnirG absolutamente receptiva para pensar os problemas, foi composta uma Comissão de Gestão Compartilhada, formada de professores, alunos, administrativos, Reitoria e Fundação. Esta Comissão chegou a realizar estudos sérios, buscando, enfim, determinar o real custo de cada curso. Mais: fez, professor a professor, a projeção financeira da UnirG pelos próximos 30 anos. Naquele momento, seu presidente, Prof. Adriano Fernandes Moreira, declarou que, no marasmo das gestões que não implementavam nenhuma outra situação além da única captação de recursos adotada, nosso prazo de sobrevida seria, no máximo, de 5 anos.

O trabalho daquela Comissão não se restringiu apenas a levantar a situação. Se ficasse nisso, em nada ela seria diferente das gestões. Afinal, a própria Academia já está no seu segundo (poderíamos afirmar “no terceiro”) mandato de gestores especialistas em contas e administração. Para isso, basta olhar a titulação e atuação docente dos reitores atuais. A Comissão levantou algumas sugestões: diminuição do número acumulativo de descontos nas mensalidades, aluguel de espaços, exploração da logomarca, abertura de minicursos, especializações, uso da EaD, cobrança por trabalhos das clínicas-escolas, etc. (Anexamos no final desta matéria o documento.)

Na época, o trabalho da Comissão foi boicotado. Primeiro, pelos alunos que vislumbravam onde a situação apontaria: o irrisório valor do crédito de alguns cursos de muita procura (Medicina e Direito) e a necessidade real de um aumento condizente do valor das mensalidades. Estrategicamente, representantes dos alunos não se empenharam na causa. Segundo, pelos representantes da Reitoria que, em vez de entrar no mérito da causa, agiam no sentido de defesa das ações já projetadas pela mesma.

E a Comissão foi desqualificada em discurso do Vice-Reitor Victor de Oliveira, no momento em que ela apresentava resultados parciais do trabalho. Naquela ocasião, calamitosa diante da ausência do Prof. Adriano Moreira, todo o trabalho foi debruado. O discurso do Vice-Reitor foi ovacionado pelos presentes. O Sindicato saiu de lá acusado de manipulação. Hoje, os gestores fazem sua peregrinação pelos cursos de baixa procura, numa sintonia com a gestão da Fundação UnirG, mostrando os mesmos números, desesperando professores com uma realidade que a APUG-SSind já mostrava e pela qual professor nenhum tem culpa.

Nós, professores que damos aulas e estamos sempre nos postos onde nos reclamam, queremos outra coisa dos gestores de plantão. Queremos propostas. Se as nossas não prestavam, eram irrazoáveis, apresentem-nos outras melhores. Queremos aplaudir estas propostas. Novos cursos, cursos de pós-graduação, tudo isso e mais um pouco.

Mas não venham mais com a lengalenga de cortes de gastos ou de que não se pode pagar progressões. Essa balela não cola mais. Mostrem-nos outras soluções. Como professores, já pagamos pelos erros de todos. E isso já faz um bom tempo.

Foto-Ilustração: Assembleia da APUG-SSind de 2009 (quando já se discutia a situação financeira da UnirG).

 

José Carlos de Freitas

Presidente da APUG-SSind

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