TODOS OS DIAS PELAS MULHERES
A violência contra as mulheres é um problema grave e persistente em muitas sociedades ao redor do mundo. No Brasil, infelizmente, o feminicídio, ou assassinato de mulheres por motivo de gênero, é uma das formas mais extremas e letais de violência, que tem crescido nos últimos anos como uma pandemia sem vacinação.
De acordo com o Relatório Global sobre o Feminicídio, publicado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2020, cerca de 50.000 mulheres foram assassinadas todos os anos por motivo de gênero. Isso representa cerca de uma mulher assassinada a cada dois minutos. Especificamente no Brasil, segundo a ONU, uma mulher é assassinada a cada dez minutos, mas há fortes indícios de que esse problema é ainda pior do que o atual índice divulgado.
No Brasil, o feminicídio é um problema particularmente grave e, de acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, em 2020, foram registrados 1.350 feminicídios no país, o que representava um aumento de 12,5% em relação ao ano anterior.
A violência contra as mulheres é um problema complexo e multifacetado, que envolve questões de gênero, poder, machismo, economia e uma cultura de submissão das mulheres. Nesse sentido, algumas das principais causas do feminicídio incluem: a desigualdade de gênero e a discriminação contra as mulheres; a cultura do machismo, a glorificação da virilidade masculina e do comportamento masculino desigual, a falta de acesso a recursos econômicos e educacionais para as mulheres; a ineficácia do sistema de justiça em proteger as mulheres contra a violência.
Dessa maneira, para que haja um combate consistente contra o feminicídio e a violência contra as mulheres, é necessário um esforço conjunto e multidisciplinar. Assim, algumas das estratégias extremamente necessárias devem incluir a promoção da igualdade de gênero e a luta contra a discriminação contra as mulheres, a educação e a conscientização sobre a violência com relação às mulheres e o feminicídio, evidenciando a cultura machista e excessivamente masculina, a criação de programas de apoio e proteção para as mulheres vítimas de violência, a reforma do sistema de justiça, para garantir a proteção eficaz das mulheres contra a violência.
O feminicídio é um problema grave e persistente que exige uma resposta urgente e eficaz dos governos e da sociedade, que devem realizar esforços conjuntos e multifacetados para combater a violência contra as mulheres e promover a igualdade de gênero, a justiça para todas as mulheres, independentemente de classe social, renda, religiosidade, escolaridade ou status social.
Não dá mais para conviver com índices tão alarmantes de feminicídio no mundo, Brasil ou localmente. Em Gurupi, apenas nos últimos 12 meses, ocorreram sete feminicídios, um número extremamente preocupante para uma cidade com menos de 100 mil habitantes. Isso representa uma taxa de feminicídios muito alta, especialmente considerando a população da cidade.
É fundamental que as autoridades locais, incluindo a polícia, o poder judiciário e o governo municipal, tomem medidas urgentes para combater a violência contra as mulheres e proteger as vítimas dessa atrocidade social.
É importante também que a comunidade de Gurupi se conscientize e se mobilize para combater essa violência inaceitável contra as mulheres e promover uma nova cultura de paz, respeito, igualdade de gênero e ação efetiva do poder público.
Nesse sentido, o Poder Executivo, comandado por uma mulher, o Poder Judiciário, com expressivas juízas locais e o Poder Legislativo municipal, com destacadas vereadoras, precisam tomar iniciativas para combater esse tipo de violência. Uma sociedade sem violência é imprescindível, mas o fim da violência contra as mulheres é condição “sine qua non” (indispensável, essencial) para a construção de uma sociedade justa, democrática, equilibrada e que superou a barbárie. Chegou a hora de as mulheres terem todos os seus dias respeitados e o 8 de março ser apenas um dia para lembrar como a violência e o feminicídio arrancaram flores preciosas de nossas vidas. Que todos os dias sejam das mulheres, de todas as mulheres.
Paulo Henrique Costa Mattos, Professor da UnirG, Sociólogo, Historiador e Especialista em Direitos Humanos.