Aconteceu no Rio de Janeiro, nos dias 29 à 31 de outubro, na Universidade Federal do Rio de Janeiro, campus da Praia Vermelha, no Auditório do Centro de Filosofia e Ciências Humanas, a VI Reunião Científica do Trabalho Escravo e Questões Correlatas, organizada pelo GPTEC (Grupo de Pesquisa sobre o Trabalho Escravo Contemporâneo).
Estiveram presentes no evento pesquisadores do México, Perú, França, Alemanha e Itália, sendo discutidas teses, dissertações e artigos científicos enfocando diversos tipos de processos de escravidão no mundo, tráfico humano e questões correlatas como a prostituição, a peonagem, a superexploração da força de trabalho e os problemas jurídicos do combate ao fenômeno da escravidão contemporânea.
No evento houve o lançamento dos livros Privação de Liberdade ou Atentado à Dignidade: escravidão contemporânea (organizado pelo antropólogo Ricardo Rezende), com o capítulo XIX escrito pelo professor Paulo Henrique Costa Matos, o livro Erva Mate: a erva que escraviza (LIMA, Benedito e SURKAMP, Luize) e do livro Agroescravidão: a degradação do humano e o avanço do agronegócio no Brasil contemporâneo, também de autoria do professor Paulo Henrique.
As diversas contribuições teóricas e apresentações da VI Reunião científica demonstraram que o problema do trabalho escravo contemporâneo no mundo hoje, e em especial no Brasil, devem ser uma preocupação muito além do propósito acadêmico, sendo um fenômeno social que precisa ser combatido e que precisa de desdobramentos capazes de repercutir na vida cotidiana de milhares de pessoas que aguardam no desconsolo do seu infortúnio, a oportunidade para usufruir, na sua plenitude e em liberdade, os direitos humanos, de forma indelével, a todos os habitantes do planeta.
A publicação dos livros e o evento organizado pelo GPTEC buscou marcar o compromisso da UFRJ e diversas outras instituições, sobre o significado da recorrência das formas de trabalho escravo no Brasil e no mundo, que proliferam nas bases do capitalismo globalizante modernizado tecnologicamente, mas que ainda usa formas arcaicas de exploração da força de trabalho. Um capitalismo onde ainda há inúmeros agentes econômicos que fazem vistas grossas ao desrespeito aos direitos humanos, as legislações trabalhistas e a margem de qualquer tipo de regulação das distintas cadeias produtivas.
Para o professor Paulo Henrique Costa Mattos, que participou do evento como um dos pesquisadores e autores convidados: “Nesse contexto de profunda exploração da força de trabalho, de grandes transformações socioeconômicas e desrespeito aos direitos humanos é preciso que as academias e seus pesquisadores ajudem a compreender o fenômeno da escravidão humana e aponte soluções possíveis para o problema.”
Esse foi o principal objetivo do evento, que deverá voltar a ocorrer em outubro de 2014, em São Paulo, organizado pelo GPTEC com apoio da PUC-SP e novamente com a presença de pesquisadores das diversas instituições do país e diversos outros países da América Latina e Europa.