Considerado um dos “tubarões do ensino”, o Grupo Kroton Educacional fechou acordo para vender a empresa de ensino Uniasselvi, aos gestores de fundos Carlyle e Vinci Partners, por R$ 1,1 bilhão. O acordo ainda prevê pagamento adicional de até R$ 255 milhões, calculado com base em cumprimento de metas financeiras e operacionais. O Grupo Kroton apresentou, apenas no primeiro trimestre de 2015, um lucro líquido de R$ 455 milhões.
Segundo Alexandre Aguiar dos Santos, 1º vice-presidente da Regional Planalto e um dos coordenadores do Setor das Instituições Particulares de Ensino Superior (Ipes) do ANDES-SN, a venda bilionária da Uniasselvi faz parte do processo de mercantilização da educação, que ocorre há décadas no país e tem se intensificado nos últimos anos. “A Uniasselvi, empresa regional catarinense, foi adquirida por um valor exorbitante e isso é resultado da perspectiva rentável do Capital. O processo de mercantilização da educação no país teve início na época da ditadura militar e hoje atinge um nível de investimento muito grande feito por grandes empresas, em particular, do capital financeiro internacional”, disse.
A Uniasselvi tem cerca de 80 mil alunos matriculados no ensino a distância e outros 10 mil estudantes em cursos presenciais. A instituição registrou em 2012 uma receita líquida de R$ 224 milhões e lucro operacional de R$ 45 milhões, segundo dados divulgados na época da aquisição pela Kroton.
De acordo com o diretor do Sindicato Nacional, enquanto a educação pública, tanto federal quanto estadual, sofre com a falta de verbas – que impossibilita a manutenção das atividades de ensino, pesquisa e extensão -, os grandes grupos econômicos do setor de educação mantêm lucros estratosféricos. “A educação no Brasil virou sinônimo de excelente investimento para grandes grupos econômicos do capital internacional. E isso só acontece por conta do estímulo que o governo tem dado. No mesmo ano em que o governo cortou mais de R$ 11 bilhões do orçamento da Educação pública, foi liberada quantia semelhante a esse montante para o Fies”, ressalta. Apenas no primeiro semestre de 2015, o governo já havia destinado cerca de R$ 6,5 bilhões para o Fies, sendo que, em torno de R$ 1,7 bilhão através da emissão de título da dívida pública. Com a recente aprovação da medida provisória 686, o total destinado ao programa nos primeiros sete meses de 2015, chega a cerca de R$ 11,7 bilhões.
Grupo Kroton
Fundado em 1966, em Belo Horizonte (MG), a partir do Colégio Pitágoras, o Grupo Kroton foi impulsionado pela política educacional do governo federal na última década, que prioriza o investimento de dinheiro público em educação privada, por meio do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). Quase 60% dos seus alunos do grupo são por meio do Fies. Nos últimos anos, o grupo começou a incorporar outras empresas do setor – entre as mais conhecidas estão a Anhanguera e a Unopar – tornando-se a maior empresa de ensino superior do mundo por capitalização de mercado no ano passado.
*Com informações do Valor Econômico